domingo, 15 de junho de 2008
Errata
sábado, 7 de junho de 2008
De olho nas demissões
Para consolidar este programa é necessário demitir prioritariamente os velhos trabalhadores que estão com salários muito acima da média do chão de fábrica. Como estes trabalhadores são de difícil substituição, essa política foi ocorrendo lentamente, ganhou força nos últimos anos e promete para este ano possivelmente a finalização deste projeto covarde e mercenário.
É preciso destacar também que um fenômeno novo está ocorrendo na fábrica: o fenômeno das demissões voluntárias. Trata-se de trabalhadores que estão com novas perspectivas de trabalho e salários graças ao crescimento da economia e a abertura de novos postos de trabalho na cidade. Dessa maneira, a Whirpool está sofrendo uma grande debandada de trabalhadores que querem sair para entrar em outras empresas. Isto ocorre devido à grande precarização dos direitos dos trabalhadores, principalmente em razão da defasagem salarial. Com este novo fenômeno, a empresa ao invés de tomar uma postura madura, elevando salários, recorreu à ignorância tomando medidas autoritárias – que visam apenas continuar garantindo seu lucro – para conter a fuga dos trabalhadores.
A principal delas é punir com advertências quem comete faltas, segurar ao máximo aqueles que pedem para ser demitidos a fim de levá-los a pedir a conta, entre outras punições bizarras.
Toda essa política tem transformado a fábrica em um verdadeiro “Circo dos horrores”: o ambiente de trabalho está insuportável, os mais velhos estão sendo demitidos na medida em que os mais novos estão sendo segurados à força na fábrica. Isto tem gerado um clima pesado onde todos estão com a moral no lixo e sem perspectivas de melhoras neste ambiente hostil e selvagem.
A Rádio Peão se posiciona radicalmente contra esta política, pois sabe que este ataque aos trabalhadores tem como propósito atacar nossos direitos e achatar cada vez mais os salários. Os operários antigos têm de sair para deixar de serem referência e parâmetro salarial para os operários novatos, os mais novos tem de conviver e tolerar um salário de miséria, e se querem sair são “presos” na empresa.
Esta brutal política que se aprofunda agora sobre as mãos do corporativismo norte- americano tende a piorar drasticamente os direitos conquistados no passar dos anos nesta fábrica. Por isso é necessário mais uma vez lembrar que devemos estar unidos contra esta política nefasta, devemos atacar impiedosamente os lacaios pelegos do Sindhiverme que em nenhum momento interferiu nas demissões de companheiros do parque fabril e não tomou e não toma nenhum posicionamento em defesa dos interesses dos trabalhadores.
É importante lembrar que várias demissões ocorreram este ano e ainda estão
Devemos ter o máximo cuidado possível em nossa organização, jamais devemos nos organizar em torno do sindicato mentiroso que possivelmente irá se movimentar com toda esta agitação para mostrar serviço diante dos trabalhadores.
O Sindhiverme já contra-atacou com publicações de jornais em resposta a Radio Peão no passado. Fiquem alerta, pois possivelmente irão voltar com suas mentiras e traições para fazer valer os interesses patronais.
Vamos defender com honra e coragem o suor e esforço do nosso trabalho, a defesa do nosso trabalho é legitima e deve se impor valentemente diante dos exploradores que insistem com suas lavagens cerebrais de motivação do trabalho, o que só faz nos dividir e confundir. Nossa situação de roubo e expropriação indevida de nosso trabalho deve ser combatida veementemente rumo à vitória. Ignoremos velhas mentiras de responsabilidade social.
Não se pode jamais haver ética e responsabilidade social com salários vergonhosos, demissões sem causa, mentiras e exploração da mão de obra barata e discriminatória.
À luta trabalhadores.
PPR 2006: vale à pena lembrar
Diante de muitas demissões e vários outros problemas veio a noticia mais assustadora que já se havia tido ouvido falar na Multibrás S.A., hoje atual Whirlpool Corporation: a empresa não iria pagar o PPR 2007 por falta de dinheiro. A empresa, segundo administradores, estava no vermelho e não tinha condições de arcar com o pagamento de participação de lucros.
A revolta tomou conta dos trabalhadores que vendo tamanha mentira e ganância tomavam de artifícios radicais para manifestar sua indignação,
E sua principal ferramenta de canalizar esta revolta foi o surgimento da Radio Peão, um informativo panfletário que se levantou como voz e ferramenta de protesto e organização da massa operária na empresa.
Com a Rádio Peão foi possível saber a dimensão do roubo que a empresa nos submetia – e ainda submete. Com a ajuda do Sindicato de Limeira de São Paulo, levantamos os números que contradiziam a falsa recessão e abolição do PPR por falta de divisas.
Essa movimentação ajudou a divulgar a greve e a luta dos companheiros trabalhadores/as da Unidade São Paulo que, organizados sindicalmente, paralisaram a fábrica em uma greve exemplar que se manifestou reivindicando o PPR, segundo dados do sindicato.
A Rádio Peão manifestava pelo jornal depoimentos dos trabalhadores/as que, naquela época – mas também ainda hoje – sofriam abusos como assédio moral, horas extras obrigatórias, revezamentos entre muitas questões que os operários sofriam na fábrica.
A Rádio Peão foi fundamental na eclosão de uma revolta que tomou corpo e se espalhou pela fábrica resultando em protestos por todos os lados, como em pixações nos banheiros trazendo frases de protestos como fora “JJ ladrão, queremos nosso PPR”, “O PPR foi pelo cano do vaso”, entre muitos outros que não paravam de aparecer nas paredes dos banheiros da empresa como expressão de revolta.
Houve vaias e gritos de protestos em reuniões de dirigentes da empresa como a famosa vaia ao diretor JJ, que por um bom tempo não deu as caras na fábrica e o ajudou a repensar sua atitude gananciosa de saquear os trabalhadores.
Toda aquela panela de pressão ameaçava explodir: São Paulo saia vitoriosa em sua greve forçando os ladrões a cederem e pagar a participação de lucros e barrar as demissões naquela fabrica.
A unidade Joinville temendo o mesmo exemplo por aqui com uma paralisação e greve, cedeu anunciando um calunioso empréstimo emergência para fim de saldar o PPR daquele ano aos trabalhadores da Multibras S.A.
Esta grande vitória – que não pode jamais ser esquecida – deve ser combustível a reavivarmos o espírito combativo e insurgente dos trabalhadores hoje na Whirlpool Corporation, que vive momentos difíceis e que se não combatermos irão piorar e deteriorar ainda mais nossa situação de trabalho e de vida.
Devemos nos unir em uma causa que é para o bem de todos, pois se não nos unirmos e ficarmos esperando pelo sindicato patronal ou por políticos nada mais vai acontecer a não ser piorar.
Para tanto é necessário união para uma construção de um sentimento de fraternidade entre os trabalhadores/as, trabalhadores/as que compõem a maioria de operários/as nesta fábrica, trabalhadores/as explorados e oprimidos por uma política monstruosa e injusta que insiste em tentar nos dividir.
*Grégorio Mendes-Trabalhador e comentarista da Rádio Peão.
Editorial: Manifesto aos trabalhadores e trabalhadoras da Whirpool
É com orgulho e sentimento de revolta que voltamos a editar o jornal clandestino operário Rádio Peão.
Depois de alguns anos parados por perseguições e demissões em massa de vários companheiros, o que acabou por enfraquecer nossas bases, a Rádio Peão, um informativo oposicionista do sindicato Sinditherme volta a operar.
Não poderíamos mais ficar de braços cruzados vendo as barbaridades que se sucedem ano a ano e que vem se agravando com o passar do tempo. Viemos por este informativo proclamar a todos os trabalhadores a se unir a uma causa que é mais que justa: a de derrubar o sindicato pelego e mentiroso “Sindiverme” e construir um sindicato forte, independente e de orientação operaria, não-patronal.
E porque um sindicato forte, independente e de orientação operaria, não-patronal?
Porque somente um sindicato independente de partidos políticos e não atrelado aos patrões pode garantir as reivindicações da massa operária, visto que hoje a maioria dos sindicatos nacionais está controlada pelo corporativismo patronal e pelo estado com seus respectivos partidos políticos.
Vejam nossa situação atual: temos um sindicato inexpressivo, que não tem a mínima comunicação com os trabalhadores e nem de longe luta por um salário digno e por outros interesses como melhorias nas condições de trabalho, entre outras questões de interesses imediatos.
Estes senhores que hoje compõem o sindicato devem ser vistos e tratados como inimigos dos trabalhadores, por se tratarem de uma casta burocrática que permanece no poder sem avaliação operária e eleições para seus respectivos cargos.
Minimamente o que estes burocratas fazem é dar uma sensação mínima de democracia aos operários fazendo votações vergonhosas que independente da escolha é sempre bom para os interesses financeiros da empresa. Quantas eleições vergonhosas tivemos para escolha de folgas na troca de feriados que só resultaram em lucro para acionistas e brigas para os operários? Quantas falsidades e falta de vergonha na cara estes senhores tem levado como pauta de reivindicações salariais aos trabalhadores?
Eles não têm a mínima ousadia para reivindicar porque quem manda é a empresa, e seus cargos dependem dos patrões para continuarem no poder. Diante de tudo isto o que os burocratas do sindicato fazem é simplesmente ouvir a empresa e dizerem “Amém”.
O sindicato nunca chamou os trabalhadores para uma assembléia para discutir com os operários salários ou qualquer outra proposta. Nunca convocaram os trabalhadores para uma greve diante da recusa de reivindicações trabalhistas. Aliás, é pedir muito para um sindicato patronal promover uma chamada para uma paralisação e fazer uma greve.
É por estas e muitas outras razões que queremos construir uma nova etapa na história desta empresa, uma história de luta que promova vitórias para os trabalhadores e que traga melhoria nas condições de vida para todos.
Para esta nova etapa de lutas é preciso a união de todos. Este informativo não chegara a mão de todos, por isso pedimos que ele seja lido e passado adiante para outros companheiros, ao certo a recebermos estes panfletos devemos guardar em lugar seguro e lido de preferência em nossa casas para garantir a segurança de cada um, visto que em outras oportunidades a empresa censurou os panfletos e promoveu terrorismo com reuniões alertando contra os oposicionistas.
Queremos a colaboração e união de todos: seja para repassar as informações ou colaborar com textos e notícias sobre vários temas de nosso cotidiano como abuso de autoridade, assédio moral ou mesmo simples demonstração de repúdio à atual administração patronal, junto a seu braço sindical pelego.
Mandem e-mail para radiopeaoindependente@gmail.com ou acesse www.radiopeaoindependente.blogspot.com . Sua informação estará segura e sigilosa. Colabore e construa uma nova etapa na história de nossas vidas.