Como trabalhar em um clima de medo? Talvez seja essa a pergunta que muitos trabalhadores da Whirlpool estejam se fazendo hoje. Pais e mães de família, jovens que pagam seus estudos. Centenas de pessoas com mais de 40 anos que sabem que uma demissão pode significar uma tragédia, tendo em vista que o mercado de trabalho dificilmente os aceitaria de volta. A crise, já assumida pela chefia, assusta toda a população da fábrica, mas principalmente os operários, que em muitos casos não tiveram oportunidade de estudar ou se formar na profissão que queriam. É essa gente, que durante anos batalhou para colocar as máquinas a trabalhar, que agora está sendo submetida a um clima de medo e insegurança, sabendo que a qualquer momento pode perder seus empregos.
Em todas as linhas e em todas as áreas da fábrica, os boatos e as incertezas correm na mesma velocidade que as demissões, tão mascaradas pelos supervisores. As vítimas mais visadas são o que possuem mais tempo de casa e, consequentemente, recebem salários maiores. Na tentativa de cortar gastos, pelo menos é essa a desculpa, essas pessoas são demitidas para que entre gente nova, que até então estava desesperada para conseguir um emprego e acaba se sujeitando a baixos salários e ritimo de trabalho desumano. Essa nova mão-de-obra é mantida a qualquer custo dentro da fábrica. Dessa forma, a Whirlpool passou de uma empresa que antes esperava seis meses para saber se ia contratar o funcionário a uma empresa que efetiva em apenas um dia. Um fato é importante ressaltar: essa leva de demissões não irá atingir apenas operários, mas também supervisores, engenheiros e quem precisar ser demitido para que os efeitos da crise atinjam menos os lucros dessa multinacional.
A crise causa medo, e o medo faz com que as pessoas tomem medidas desesperadas no intuito de manter seu emprego. Um exemplo disso são as pessoas que escondem suas contusões e machucados com medo de que isso cause seu desligamento da empresa. Ao fazerem isso estão causando danos irreparáveis a sua saúde. Muitas das lesões e machucados são adquiridos no chão de fábrica, na rotina diária.
*Agenor de Oliveira- Trabalhador e comentarista da Rádio Peão.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
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