sábado, 7 de junho de 2008

De olho nas demissões

A Rádio Peão vem acompanhando com atenção as demissões há alguns anos. O que podemos verificar nesse período é que a Whirpool está com um plano de reestruturação da sua mão de obra. E neste projeto de reestruturação estão alguns pontos fundamentais identificados por nós como: quebrar com a velha política de estabilidade dos trabalhadores, reduzir salários e modificar a organização hierárquica herdada da política fundada pelo patriarca da Cônsul, Wittich Freitag.

Para consolidar este programa é necessário demitir prioritariamente os velhos trabalhadores que estão com salários muito acima da média do chão de fábrica. Como estes trabalhadores são de difícil substituição, essa política foi ocorrendo lentamente, ganhou força nos últimos anos e promete para este ano possivelmente a finalização deste projeto covarde e mercenário.


É preciso destacar também que um fenômeno novo está ocorrendo na fábrica: o fenômeno das demissões voluntárias. Trata-se de trabalhadores que estão com novas perspectivas de trabalho e salários graças ao crescimento da economia e a abertura de novos postos de trabalho na cidade. Dessa maneira, a Whirpool está sofrendo uma grande debandada de trabalhadores que querem sair para entrar em outras empresas. Isto ocorre devido à grande precarização dos direitos dos trabalhadores, principalmente em razão da defasagem salarial. Com este novo fenômeno, a empresa ao invés de tomar uma postura madura, elevando salários, recorreu à ignorância tomando medidas autoritárias – que visam apenas continuar garantindo seu lucro – para conter a fuga dos trabalhadores.


A principal delas é punir com advertências quem comete faltas, segurar ao máximo aqueles que pedem para ser demitidos a fim de levá-los a pedir a conta, entre outras punições bizarras.


Toda essa política tem transformado a fábrica em um verdadeiro “Circo dos horrores”: o ambiente de trabalho está insuportável, os mais velhos estão sendo demitidos na medida em que os mais novos estão sendo segurados à força na fábrica. Isto tem gerado um clima pesado onde todos estão com a moral no lixo e sem perspectivas de melhoras neste ambiente hostil e selvagem.


A Rádio Peão se posiciona radicalmente contra esta política, pois sabe que este ataque aos trabalhadores tem como propósito atacar nossos direitos e achatar cada vez mais os salários. Os operários antigos têm de sair para deixar de serem referência e parâmetro salarial para os operários novatos, os mais novos tem de conviver e tolerar um salário de miséria, e se querem sair são “presos” na empresa.


Esta brutal política que se aprofunda agora sobre as mãos do corporativismo norte- americano tende a piorar drasticamente os direitos conquistados no passar dos anos nesta fábrica. Por isso é necessário mais uma vez lembrar que devemos estar unidos contra esta política nefasta, devemos atacar impiedosamente os lacaios pelegos do Sindhiverme que em nenhum momento interferiu nas demissões de companheiros do parque fabril e não tomou e não toma nenhum posicionamento em defesa dos interesses dos trabalhadores.


É importante lembrar que várias demissões ocorreram este ano e ainda estão em curso. Férias estão sendo dadas e outras programadas para várias linhas sendo que o retorno promete possíveis novas demissões. Não podemos ficar indiferentes a tudo isso, isolados com medo, porque o medo só nós torna reféns dos exploradores. É necessário coragem e união de todos para combater estas políticas, mesmo desorganizados e desamparados pelo sindicato pelego temos ferramentas de defesa.


Devemos ter o máximo cuidado possível em nossa organização, jamais devemos nos organizar em torno do sindicato mentiroso que possivelmente irá se movimentar com toda esta agitação para mostrar serviço diante dos trabalhadores.


O Sindhiverme já contra-atacou com publicações de jornais em resposta a Radio Peão no passado. Fiquem alerta, pois possivelmente irão voltar com suas mentiras e traições para fazer valer os interesses patronais.


Vamos defender com honra e coragem o suor e esforço do nosso trabalho, a defesa do nosso trabalho é legitima e deve se impor valentemente diante dos exploradores que insistem com suas lavagens cerebrais de motivação do trabalho, o que só faz nos dividir e confundir. Nossa situação de roubo e expropriação indevida de nosso trabalho deve ser combatida veementemente rumo à vitória. Ignoremos velhas mentiras de responsabilidade social.


Não se pode jamais haver ética e responsabilidade social com salários vergonhosos, demissões sem causa, mentiras e exploração da mão de obra barata e discriminatória.


À luta trabalhadores.

*Grégorio Mendes-Trabalhador e comentarista da Rádio Peão.

Um comentário:

karizinhah disse...

A Rádio Floresta Negra está assim.
Adorei a parte das punições bizarras, igual a Floresta Negra também.

Adorei o Blog.